A preocupação com a criminalidade e sua ampliação vem ocupando hoje um lugar central nos discursos social e político. De modo geral, a preocupação com a criminalidade se desdobra no sentimento de medo e de insegurança frente ao crime, exigindo, assim, que a leitura deste fenômeno seja feita no quadro de uma problemática social e política mais ampla do que o da criminalidade propriamente dita, situando-a no campo da análise do sentimento de insegurança.
Entretanto, cada um de nós já está “acostumado”, especialmente devido aos programas de TV e em especial ao sensacionalismo algumas vezes aplicado (por motivos que discutiremos oportunamente…) a ver e conviver com a grande criminalidade da sociedade, mas na maioria das vezes à distância, sempre tendo como referência de risco os grandes centros urbanos. Quando nos deparamos com a violência e a criminalidade na nossa vizinhança o sentimento é outro, a situação passa a ser real, como a que temos enfrentado nos recentes e contínuos assaltos a bancos de toda região e, agora, às agências dos Correios.
No imaginário popular o sentimento de insegurança também é despertado ao localizar determinadas pessoas como possíveis infratores. Contribuindo, assim, para a multiplicação de regras de exclusão, distanciando e criminalizando parcelas da sociedade.
Enquanto não é atribuída importância real nas questões de ordem estrutural de nossa sociedade a vida moderna acaba tendo que se adaptar à atual realidade social. Sentir-se inseguro, temer perder seu bem ou sua vida, ou ainda, não conseguir vislumbrar alternativas a segurança pública, passa a ser o normal de uma cidade que não almejar por mudanças reais e políticas públicas eficazes, e neste meio tempo, infratores não julgados vão sendo amarrados a postes pelo país afora e é feita justiça com as próprias mãos.