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31 de dez. de 2012
Quem são os Parasitos?

Quem são os Parasitos?

                                 Quem são os Parasitos?


          Antes de falarmos de “Parasitos”, vamos apresentar o “Parasitismo”, para que a ação possa facilitar a compreensão do termo. De acordo com Rey (2003), parasitismo é uma “relação ecológica, desenvolvida entre indivíduos de espécies diferentes, em que se estabelece associação íntima ou duradoura, e certo grau de dependência metabólica entre os parceiros. Geralmente o hospedeiro proporciona ao parasito todos ou quase todos os nutrientes e as condições fisiológicas requeridas por este”.
          Em uma relação parasitária (parasitismo) podemos afirmar que um dos parceiros, geralmente de pequeno porte, obtêm benefícios em detrimento do outro, de maior porte, que é então chamado de hospedeiro (Ferreira et al., 2003).
          De modo abrangente, as relações ente dois seres vivos podem ocorrer sob várias formas, cada uma com suas peculiaridades, sendo elas: 1) Exploração; 2) Foresia; 3) Comensalismo; 4) Mutualismo; 5) Micropredação; 6) Predação; 7) Parasitóide e 8) Parasito.
          Tradicionalmente, quando se fala em parasitos, pensamos em amebas, solitárias (Taenia sp.) – que são aquelas cujos ovos, de acordo com muitos, vão para a cabeça, rsrs, o que discutiremos e desmistificaremos em outro momento -, lombrigas (Ascaris), leishmanias, o causador da Doença de Chagas, entre muitos outros. Realmente estes podem ser parasitos, alguns muito perigosos, inclusive. Por que “podem ser” e não “são”? É preciso salientar que, para que haja o sistema parasito-hospedeiro, é necessária a existência da relação parasitária, ou seja, um Ascaris atravessando a rua não é um parasito, e sim um ser vivo como qualquer outro, merecedor de respeito. Passando a ser um parasito a partir do momento em que cria uma relação com outro ser vivo, o qual passa agora a ser o hospedeiro deste Ascaris.
          Mas se pararmos diante de um espelho, e observarmos a forma de vida do Homo sapiens encontraremos ai um parasito? Conclua você mesmo ao final…
          Quando o homem se alimenta de mel, partes de vegetais sem matá-los, quando caça, ou utiliza outros animais para caçarem por ele. Quando cria galinhas, das quais obtêm carne e ovos, ou bovinos, dos quais obtêm leite e carne. Quando pede “cola”, durante uma avaliação, para um colega em sala de aula, ou ainda, quando monta cavalos, ou outros animais, um tipo de relação que sob muitas outras circunstâncias biológicas seria chamada de foresia.
          De acordo com Giordan (1997), um europeu médio, que viva até os 70 anos, consome durante sua passagem por este planeta: 04 bois, 20 suínos, 08 carneiros, 400 frangos, 250 Kg de peixe, 3000 Kg de pão, massa e arroz, 7000 Kg de frutas e legumes, 600 Kg de manteiga e óleo, além de 35000 a 45000 litros de água.
          Exemplo mais chocante pode ser dado quando se pensa no feto humano. Um ser altamente evoluído que obtêm de seu “hospedeiro” tudo de que precisa para se desenvolver, sem levá-lo a morte na grande maioria dos casos. Após um determinado tempo desta relação, o feto abandona o corpo do hospedeiro, mas continua a parasitá-lo por mais algum tempo, necessitando de cuidados, atenção e leite produzido por este. Em muitos casos a relação parasitária se estende por uma vida toda, indo muito além da dependência biológica…

                                                                                                                                      Dr. Ivan Pereira
13 de dez. de 2012
Consórcio Humano

Consórcio Humano




            Nos dias de hoje, é muito freqüente encontrarmos pessoas que se associam (que se agrupam) para formar “organismos” maiores, representados por um maior número de elementos e assim buscarem algo que não conseguiriam sozinhos, como no caso dos consórcios, que podem ser definidos como “modalidade de acesso ao mercado de consumo, baseado na união de pessoas físicas ou jurídicas, em grupo fechado para alcançar um determinado objetivo”.
            Quando pensamos biologicamente, nas várias relações simbióticas existentes entre os mais variados organismos vivos, organismos complexos e muitas vezes independentes, é possível vislumbrarmos algumas modalidades de consórcios, onde estes organismo complexos e independentes se associam visando alcançar um determinado objetivo, por exemplo, sobreviver e se reproduzir, visando  a manutenção da espécie, e por que não a “soberania”? Neste contexto competitivo, as associações apresentam-se como uma condição básica.
            De acordo com Margulis e Sagan (2002), “a história da vida resulta da integração e aquisição de genomas”, assim podemos dizer que organismos como o humano, ou os girassóis, representam um consórcio de organismos, que foram se associando gradativamente, com o passar dos séculos, resultando no que hoje chamamos Homo sapiens e Helianthus annuus. Afinal, quem não conhece a história das mitocôndrias? Organismos independentes, que quando fagocitados passaram a compor o organismo maior que a fagocitou em uma modalidade de relação simbiótica, tornando-se parte essencial deste organismo maior, a esta nova relação chamamos “Teoria da Endossimbiose”, prova disto é que as mitocôndrias apresentam, por exemplo, material genético próprio e sensibilidade a antibióticos…




            E o núcleo das nossas células (ou se preferirmos, das células dos girassóis)? A origem deste divide a opinião dos pesquisadores, alguns votam na origem autógena, outros, acreditam também ter sido originário de algum tipo de simbiose.
            Têm-se ainda outros exemplos, como os cloroplastos presentes nos vegetais, que como sugerido por Mereschkowsky (1905), são originários de cianobactérias endossimbióticas (algas cianofílicas).
            Ou ainda, os peroxissomos, fundamentais na beta-oxidação, resultando em Acetil-Coa, que acredita-se terem evoluído de bactérias que invadiram grandes células como parasitos, e gradualmente desenvolveram uma relação simbiótica.
            Dessa forma podemos afirmar que nós, os organismos humanos, representamos um modelo de “consórcio humano”, resultado da relação entre diferentes organismos complexos, com colisão e assimilação de organismos filogenéticamente diferentes, em relações que se desenvolveram em consonância com o desenvolvimento da vida na Terra, em tempos longínquos, antes mesmo do Planeta dos Dinossauros.
                                                                                          

Dr. Ivan Pereira